terça-feira, 16 de junho de 2009

As perigosas oscilações de glicemia - Parte 1


Manter e regular a taxa de glicemia no sangue são formas de conquistar saúde a curto e longo prazo


Você acaba de comer satisfatoriamente e, dentro de pouco tempo, já está com uma sensação de fome estranha que o leva a desejar ingerir algo imediatamente. Também anda cansado sem uma razão aparente, com certa apatia, dores de cabeça, enfim, percebe que algo não vai lá muito bem com sua saúde.


Somente fazer exames médicos periódicos talvez não seja suficiente para descobrir o que está errado, embora a alimentação e o estilo de vida sejam indícios bem precisos de que a suas taxas glicêmicas oscilem em demasia.


Há poucos anos, pesquisadores vêm denunciando uma descoberta que tem causado verdadeira revolução na área médica, sobretudo no que diz respeito ao metabolismo. As alterações bruscas de glicemia que provocam choques no organismo são tão nocivas quanto prejudiciais, o que os especialistas sugerem como uma ´montanha-russa´ dos açúcares na corrente sangüínea. Isto pode resultar em distúrbios diversos, dentre eles, os males degenerativos.


Os sinalizadores físicos, além das percepções descritas acima, são o aumento da cintura (abdômen), acompanhado da perda de energia e, por vezes, da massa magra (músculos). Tudo porque a alimentação está sendo seguida, aparentemente, de forma adequada, embora haja vícios difíceis de serem admitidos, quanto mais banidos. Enfrentar e eliminar tais vícios - como no caso das sobremesas (o docinho após a refeição) - pode não ser tão dramático quanto se imagina, utilizando-se recursos saudáveis.


Resistência à insulina

A ingestão de açúcar, sobretudo os derivados da cana de açúcar, são destacados como grandes vilões da elevação da taxa glicêmica. Só que o açúcar não está sozinho. Os farináceos e alimentos refinados são carboidratos simples que agradam não somente aos gordinhos, mas crianças, adolescentes e pessoas de todas as idades habituadas aos alimentos altamente calóricos e rápidos dos ´fast foods´, que vai desde o sanduíche (hamburguer e hot dog), passando pela batata frita, arroz branco polido, pão branco e os biscoitinhos.


Segundo o endocrinologista pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) João César Castro Soares, hoje se sabe que os picos de glicose no sangue são nocivos à saúde por esgotar o organismo com uma sobrecarga de trabalho. Isto provoca resistência à insulina, associada a outros sérios agravos, desde comprometimentos cardiovasculares, problemas neurológicos, perda de memória (Alzheimer) e, sobretudo, o diabetes.


Por isso mesmo, Dr. João César afirma que o controle do índice glicêmico (IG) é muito mais rigoroso, reduzido do índice de 140 para 126 (em jejum) para diagnóstico de diabetes e de 110 para 108 para pré-diabetes.


Os índices mundiais indicam que cerca de 25% da população adulta tem resistência à insulina. O quadro é agravado para quem está acima do peso e tem mais de 45 anos. O aspecto ruim dessa história é que as pessoas só costumam mudar quando se deparam com um diagnóstico desfavorável ou um problema já instalado. O outro lado da balança é se foi a alimentação causadora da resistência à insulina, escolhas mais saudáveis e não menos saborosas poderão modificá-la do mesmo modo.


A família de Mark e Adriana Ellacott tem apostado nisto há seis anos, quando o filho Blane, hoje com 10 anos, foi diagnosticado com diabetes. Ele, um artista plástico inglês e ela, uma fisioterapeuta cearense, residentes por quase duas décadas em Londres, decidiram vir definitivo para Fortaleza, a fim de que o filho desfrutasse de uma infância com praia e calor, com melhor qualidade de vida para todos. Com poucas semanas da chegada dos Ellacotts ao Ceará, Blane adoeceu e a mudança da família passou de modo radical também para a esfera da alimentação.


Estudando o diabetes a fundo para poder dar suporte ao filho (o dele é do tipo 1, insulinodependente) e permitir mais leveza ao caçula, Oliver, 2, para conviver bem com a dinâmica da família, Adriana há cerca de um ano montou com a irmã, Karla, uma lojinha (a Via Diet, no Shopping Avenida) com o intuito de propagar noções sobre saúde e possibilidades de uma vida saudável e prazerosa sem o açúcar. ´Compreendemos que os índices glicêmicos elevados não são prejudiciais só aos diabéticos. Todos devem se cuidar, porque a glicemia elevada é um mal silencioso´, informa Adriana Ellacott.

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