segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Obesidade: uma nova epidemia?



Você tem se achado meio gordinho ou gordinha? Adora guloseimas, mas passa longe de frutas, legumes e verduras? Fica horas por dia sentado em frente à televisão, ao computador ou ao videogame? Cuidado: você pode acabar sendo mais uma vítima da obesidade.

No mundo todo, uma em cada dez crianças está com excesso do peso. São 155 milhões, segundo um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Destas, aproximadamente 40 milhões são classificadas como obesas, ou seja, estão bem acima do seu peso ideal.

A criança ou o adolescente obeso corre o risco de desenvolver sérios problemas de saúde, como pressão alta, diabetes tipo 2, colesterol alto e até problemas cardíacos – doenças que antes praticamente só eram encontradas em adultos. Também tem muito mais chances de se tornar um adulto obeso. E, como se não bastasse, ainda tem que enfrentar o preconceito e a discriminação das pessoas.

Nos dias de hoje, a extrema valorização dos corpos magros e sarados e a falta de informação fazem com que muita gente pense que a pessoa é obesa porque é preguiçosa ou simplesmente gulosa. Mas as coisas não são tão simples assim. A obesidade é uma doença, mais propriamente uma síndrome, que pode ter várias causas, mas é, acima de tudo, um mal da vida moderna.

Pouca atividade física e alimentos hipercalóricos

Genética, doenças como o hipotireoidismo, morte de um parente ou amigo, baixa autoestima, separação dos pais ou outros problemas emocionais. Essas podem ser algumas das causas da obesidade em crianças e adolescentes. Mas a maioria dos especialistas no assunto concorda: a principal razão para o crescente aumento da obesidade no mundo é o fácil acesso a alimentos hipercalóricos (e o estímulo ao consumo dessas gulodices), combinado com a diminuição da prática de exercícios físicos.

Maria Thereza Furtado Cury, professora do Instituto de Nutrição da UERJ e coordenadora do Grupo Amigos, que atende crianças e adolescentes obesos no Ambulatório do Instituto de Endocrinologia da Santa Casa de Misericórdia, diz que a maioria dos pacientes consultados pelo projeto tem hábitos alimentares muito ruins: “Um excessivo consumo de fast foods, uso de refrigerantes e pouca utilização de legumes e verduras no cardápio diário”.

A situação se agrava, segundo a nutricionista, porque as pessoas não têm mais tanto tempo para cozinhar em casa. “A mãe sai para o trabalho, o pai sai para o trabalho. Então, a criança fica à mercê de uma alimentação muito industrializada”, afirma.

Copiando o modelo americano, as lanchonetes também incentivam as pessoas a comerem cada vez mais, aumentando as porções de comida e reduzindo a diferença de preço entre os tamanhos grande e pequeno. “No meu tempo de criança você comprava, no cinema, um saquinho de pipoca. Hoje você compra um balde de pipoca e um balde de refrigerante”, compara Maria Thereza.

Nas grandes cidades, o medo da violência e o pouco espaço para brincadeiras ao ar livre também têm feito com que as crianças participem menos de atividades que gastam muita energia, como pular corda, pique e queimado. As brincadeiras agora acontecem mais em lugares fechados, dentro de casa ou em lan houses, por exemplo.

As facilidades trazidas pela tecnologia também contribuem para o aumento da obesidade. Cada vez menos, as pessoas vão para escola ou para o trabalho a pé ou de bicicleta. Elevadores, controles remotos, escadas rolantes são símbolos da comodidade da vida moderna. Alimentos empacotados, prontos para serem consumidos também.

Maria Thereza comenta o absurdo do comodismo: “Você pode até achar engraçado, mas tem criança que não come bife porque tem preguiça de mastigar. Laranja, frutas que precisam ser descascadas, eles passam batido”, afirma. Não é esse o seu caso, certo?

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