Especialistas ajudam pacientes a alterar hábitos e vencer esse perigoso inimigo
Fonte: Isto é
O colesterol está entre os principais vilões do coração e do cérebro. Ele prejudica a circulação sanguínea e predispõe a problemas cardiovasculares como infarto e derrame, duas das maiores causas de morte do ser humano. Esta é uma constatação sabida pela medicina há tempos. No entanto, a maioria da população não consegue vencê-lo. Um estudo discutido na semana passada durante um simpósio organizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em São Paulo, mostrou que mesmo pessoas em tratamento apresentavam índices acima dos determinados pela entidade. De acordo com o trabalho, patrocinado pelo laboratório MerckSharp&Dhome, dos 120 pacientes pesquisados, 54% estavam com as taxas fora dos padrões ideais. Entre os de alto risco para doenças cardíacas, apenas 22% podiam festejar vitória, mesmo assim porque haviam recebido doses maiores de medicamentos.
O mesmo trabalho foi feito no México e na Colômbia. Por lá, os índices de
derrota diante do inimigo são semelhantes aos do Brasil. Trata-se, infelizmente,
de um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos e na Europa, o número de pessoas que não controlam o colesterol é grande. “Por isso, é preciso adotar medidas urgentes para reverter essa situação”, alerta o médico Dikran Armaganijan, diretor científico da SBC.
Uma das primeiras medidas para virar esse jogo é entendê-lo. Por isso, muitos especialistas querem compreender por que, afinal, não domamos o colesterol. Algumas respostas já são conhecidas. Uma delas é a de que falta informação sobre o inimigo. Os resultados de uma pesquisa feita pela Fundação do Coração (FunCor) são reveladores. O trabalho ouviu 1,2 mil pessoas em 70 cidades. Entre os participantes, 78% diziam saber o que é colesterol, mas 65% deles não foram capazes de responder quais alimentos estavam entre suas principais fontes. Sem contar os que, apesar de terem consciência de apresentar taxa acima do desejado, nada faziam para se tratar (85% desses indivíduos). “A maioria das pessoas desconhece o assunto e os que conhecem não sabem que atitudes tomar”, diz Felipe Simão, presidente da SBC. O médico Raul Santos, do Hospital Albert Einstein (SP), reforça: “Tem gente com informação, mas que não se conscientiza do perigo.”
Outro sério obstáculo é a dificuldade do ser humano de mudar de hábitos. O problema é que isso é fundamental. Para manter a substância dentro dos parâmetros adequados, é preciso obedecer a três regras básicas: comer corretamente, sair do sedentarismo e deixar de fumar. A alimentação deve ser rica em frutas, verduras, legumes. Alimentos de origem animal (carnes, ovo, leite e seus derivados) precisam sumir do cardápio ou serem consumidos moderadamente. Eles são ricos em gordura saturada, responsável por aumentar os níveis de LDL, o mau colesterol. “Estudos mostram que em países como o Japão, onde a dieta é baseada em peixe e soja, por exemplo, os índices de colesterol ruim são pequenos”, afirma a nutricionista Rosana Perim, do Hospital do Coração (SP). Em relação ao exercício, as evidências de seus benefícios são incontestáveis. Os especialistas recomendam a prática de no mínimo meia hora de exercício – de preferência aeróbio, como caminhada –, de três a cinco vezes por semana. “A atividade física regular diminui o tempo em que o LDL fica na corrente sanguínea e aumenta os níveis do HDL, o bom colesterol”, explica o fisiologista Carlos Eduardo Negrão, do Instituto do Coração (InCor). Já o cigarro é um vilão em dose dupla. Diminui o bom colesterol e aumenta o ruim.
O duro é trocar a picanha pelo frango, o conforto do sofá por uma academia ou se livrar do cigarro. Sensíveis a essas dificuldades, os médicos estão procurando adequar as metas ao possível. Perceberam que não adianta dizer a um sedentário de carteirinha para começar a caminhar todo dia a partir da semana seguinte à consulta. Haverá mais resultado se o paciente for estimulado a praticar atividades que cabem no seu cotidiano, como subir as escadas em vez de usar o elevador. Os médicos também descobriram que é fundamental ir além das perguntas tradicionais no consultório. “É importante manter um vínculo com o paciente. Marcar retornos de consulta para breve, fazer questionários detalhados e verificar se houve piora da qualidade de vida”, diz a médica Tânia Martinez, do InCor.
A instituição adota medidas como essa no programa de reabilitação coordenado pelo fisiologista Negrão. Segundo o especialista, o fato de se ter uma equipe multidisciplinar ajuda no acompanhamento do paciente, aumentando a adesão ao tratamento. Às vezes, só um susto obriga a mudanças. Com o empresário Victor Sarlo, 54 anos, foi assim. Ele começou a se cuidar depois que foi parar no hospital com a taxa de colesterol total acima de 250mg/dl e pressão alta. Agora, ele come direito e corre três vezes por semana. Com essas medidas, baixou o LDL para 190mg/dl e controlou a pressão. Ainda não é o ideal, mas Victor persiste. “Aprendi a ter melhor qualidade de vida”, diz.
Os médicos também se esforçam em conferir se o uso de remédios é feito do jeito certo. As drogas são necessárias, principalmente no caso de pacientes que apresentem pelo menos dois fatores de risco – obesidade e fumo, por exemplo – para as doenças cardiovasculares e para quem teve infarto ou derrame. Os medicamentos mais famosos contra o colesterol são as estatinas. No entanto, embora eficazes, elas não reduzem totalmente o LDL. Para isso, teriam de ser ministradas em doses maiores. Mas, nesse caso, os efeitos colaterais, como dores musculares, aumentam também. Por causa desse temor, muitos especialistas preferem não elevar a dose – e as taxas não atingem a meta necessária. Para o médico Marcelo Bertolami, do Instituto Dante Pazzanese (SP), o ideal seria montar um programa de educação aos médicos. “É possível aumentar um pouco da dose, mas o paciente deve ser acompanhado com rigor”, diz.
Enquanto isso não é feito com maior
frequência, os laboratórios buscam outras saídas. Uma delas é lançar drogas que associem duas substâncias eficientes contra o colesterol. Essa foi a saída para o administrador Vagner Fernandes, 52 anos. Ele tinha colesterol total acima de 300mg/dl e fez duas cirurgias de ponte de safena. Fazia dieta, caminhava e tomava estatina. Mas não tinha jeito. Só quando passou a usar dois remédios teve mais resultado. Hoje, a taxa é de 189. “Meus filhos estão se cuidando para não passarem pelos mesmos problemas”, diz.
As indústrias também procuram drogas que elevem os níveis do bom colesterol. Sabe-se que os homens devem ter HDL acima de 40mg/dl e mulheres a partir de 45mg/dl. Enquanto a novidade não chega, o ideal é seguir exemplos de pessoas como a secretária Vera Alves, 54 anos. Há quatro anos, seu colesterol chegou na casa dos 300. “Para reduzi-lo, preciso fazer uma dieta rigorosa, caminhadas e tomar remédios”, conta. Hoje, seu colesterol está sob controle. Prova de que tanto esforço vale a pena.
Por Juliane Zaché e Lena Castellón
O colesterol está entre os principais vilões do coração e do cérebro. Ele prejudica a circulação sanguínea e predispõe a problemas cardiovasculares como infarto e derrame, duas das maiores causas de morte do ser humano. Esta é uma constatação sabida pela medicina há tempos. No entanto, a maioria da população não consegue vencê-lo. Um estudo discutido na semana passada durante um simpósio organizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em São Paulo, mostrou que mesmo pessoas em tratamento apresentavam índices acima dos determinados pela entidade. De acordo com o trabalho, patrocinado pelo laboratório MerckSharp&Dhome, dos 120 pacientes pesquisados, 54% estavam com as taxas fora dos padrões ideais. Entre os de alto risco para doenças cardíacas, apenas 22% podiam festejar vitória, mesmo assim porque haviam recebido doses maiores de medicamentos.
O mesmo trabalho foi feito no México e na Colômbia. Por lá, os índices de
derrota diante do inimigo são semelhantes aos do Brasil. Trata-se, infelizmente,
de um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos e na Europa, o número de pessoas que não controlam o colesterol é grande. “Por isso, é preciso adotar medidas urgentes para reverter essa situação”, alerta o médico Dikran Armaganijan, diretor científico da SBC.
Uma das primeiras medidas para virar esse jogo é entendê-lo. Por isso, muitos especialistas querem compreender por que, afinal, não domamos o colesterol. Algumas respostas já são conhecidas. Uma delas é a de que falta informação sobre o inimigo. Os resultados de uma pesquisa feita pela Fundação do Coração (FunCor) são reveladores. O trabalho ouviu 1,2 mil pessoas em 70 cidades. Entre os participantes, 78% diziam saber o que é colesterol, mas 65% deles não foram capazes de responder quais alimentos estavam entre suas principais fontes. Sem contar os que, apesar de terem consciência de apresentar taxa acima do desejado, nada faziam para se tratar (85% desses indivíduos). “A maioria das pessoas desconhece o assunto e os que conhecem não sabem que atitudes tomar”, diz Felipe Simão, presidente da SBC. O médico Raul Santos, do Hospital Albert Einstein (SP), reforça: “Tem gente com informação, mas que não se conscientiza do perigo.”
Outro sério obstáculo é a dificuldade do ser humano de mudar de hábitos. O problema é que isso é fundamental. Para manter a substância dentro dos parâmetros adequados, é preciso obedecer a três regras básicas: comer corretamente, sair do sedentarismo e deixar de fumar. A alimentação deve ser rica em frutas, verduras, legumes. Alimentos de origem animal (carnes, ovo, leite e seus derivados) precisam sumir do cardápio ou serem consumidos moderadamente. Eles são ricos em gordura saturada, responsável por aumentar os níveis de LDL, o mau colesterol. “Estudos mostram que em países como o Japão, onde a dieta é baseada em peixe e soja, por exemplo, os índices de colesterol ruim são pequenos”, afirma a nutricionista Rosana Perim, do Hospital do Coração (SP). Em relação ao exercício, as evidências de seus benefícios são incontestáveis. Os especialistas recomendam a prática de no mínimo meia hora de exercício – de preferência aeróbio, como caminhada –, de três a cinco vezes por semana. “A atividade física regular diminui o tempo em que o LDL fica na corrente sanguínea e aumenta os níveis do HDL, o bom colesterol”, explica o fisiologista Carlos Eduardo Negrão, do Instituto do Coração (InCor). Já o cigarro é um vilão em dose dupla. Diminui o bom colesterol e aumenta o ruim.
O duro é trocar a picanha pelo frango, o conforto do sofá por uma academia ou se livrar do cigarro. Sensíveis a essas dificuldades, os médicos estão procurando adequar as metas ao possível. Perceberam que não adianta dizer a um sedentário de carteirinha para começar a caminhar todo dia a partir da semana seguinte à consulta. Haverá mais resultado se o paciente for estimulado a praticar atividades que cabem no seu cotidiano, como subir as escadas em vez de usar o elevador. Os médicos também descobriram que é fundamental ir além das perguntas tradicionais no consultório. “É importante manter um vínculo com o paciente. Marcar retornos de consulta para breve, fazer questionários detalhados e verificar se houve piora da qualidade de vida”, diz a médica Tânia Martinez, do InCor.
A instituição adota medidas como essa no programa de reabilitação coordenado pelo fisiologista Negrão. Segundo o especialista, o fato de se ter uma equipe multidisciplinar ajuda no acompanhamento do paciente, aumentando a adesão ao tratamento. Às vezes, só um susto obriga a mudanças. Com o empresário Victor Sarlo, 54 anos, foi assim. Ele começou a se cuidar depois que foi parar no hospital com a taxa de colesterol total acima de 250mg/dl e pressão alta. Agora, ele come direito e corre três vezes por semana. Com essas medidas, baixou o LDL para 190mg/dl e controlou a pressão. Ainda não é o ideal, mas Victor persiste. “Aprendi a ter melhor qualidade de vida”, diz.
Os médicos também se esforçam em conferir se o uso de remédios é feito do jeito certo. As drogas são necessárias, principalmente no caso de pacientes que apresentem pelo menos dois fatores de risco – obesidade e fumo, por exemplo – para as doenças cardiovasculares e para quem teve infarto ou derrame. Os medicamentos mais famosos contra o colesterol são as estatinas. No entanto, embora eficazes, elas não reduzem totalmente o LDL. Para isso, teriam de ser ministradas em doses maiores. Mas, nesse caso, os efeitos colaterais, como dores musculares, aumentam também. Por causa desse temor, muitos especialistas preferem não elevar a dose – e as taxas não atingem a meta necessária. Para o médico Marcelo Bertolami, do Instituto Dante Pazzanese (SP), o ideal seria montar um programa de educação aos médicos. “É possível aumentar um pouco da dose, mas o paciente deve ser acompanhado com rigor”, diz.
Enquanto isso não é feito com maior
frequência, os laboratórios buscam outras saídas. Uma delas é lançar drogas que associem duas substâncias eficientes contra o colesterol. Essa foi a saída para o administrador Vagner Fernandes, 52 anos. Ele tinha colesterol total acima de 300mg/dl e fez duas cirurgias de ponte de safena. Fazia dieta, caminhava e tomava estatina. Mas não tinha jeito. Só quando passou a usar dois remédios teve mais resultado. Hoje, a taxa é de 189. “Meus filhos estão se cuidando para não passarem pelos mesmos problemas”, diz.
As indústrias também procuram drogas que elevem os níveis do bom colesterol. Sabe-se que os homens devem ter HDL acima de 40mg/dl e mulheres a partir de 45mg/dl. Enquanto a novidade não chega, o ideal é seguir exemplos de pessoas como a secretária Vera Alves, 54 anos. Há quatro anos, seu colesterol chegou na casa dos 300. “Para reduzi-lo, preciso fazer uma dieta rigorosa, caminhadas e tomar remédios”, conta. Hoje, seu colesterol está sob controle. Prova de que tanto esforço vale a pena.
Por Juliane Zaché e Lena Castellón
Estas ideias baseiam-se numa hipótese chamada hipótese lipídica, a qual tem grandes falhas. Veja aqui algumas ideias: http://www.canibaisereis.com/tag/hipotese-lipidica/
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